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sábado, 12 de maio de 2012

Europa Ásia - o retorno

Tentamos parar o ônibus na estrada para voltar para Yekaterinburgo, conforme o indicado pela moça da rodoviária. O de número 150 passou em dez minutos, esticamos os braços fazendo sinal, abanamos as mãos e nada dele parar. Alguma semelhança com o Brasil? Se bem que nem sabíamos ao certo se ali era ponto de ônibus mesmo. O segundo ônibus, de número 155, passou em 20 minutos, mas não parou também.

30 minutos em pé tentando parar um ônibus e nada, as idéias fluem. Foi aí que esticamos os braços, só que ao invés de abanar as mão, colocamos o dedão a funcionar, começamos a pedir carona. Célia chegou a comentar: "tudo bem, mas só vamos se for em carro novo". Célia estava preocupada pois a estrada estava cheia e ali naquele ponto, os motoristas abusavam, faziam ultrapassagens perigosas.

Creio que no 17º carro que passou, e isso levou menos de 5 minutos, para um Lada. Quem achou que não existia mais isso, aqui na Rússia é cheio deles, chegamos até a ver um Niva, dos novos, devia ser ano 2010 2011, bem bonitinho. Mas enfim, o Lada que parou para nós, era daquele sedan que tinha no Brasil.
Corremos para o carro, cheguei na janela e disse; "Yekaterinburgo". O motorista era jovem, usava daquelas luvas de piloto, sem os dedos. Ele acenou um sim com a cabeça. Entramos no carro e perguntei ao rapaz: "do you speak english?" Ele balançou a cabeça dizendo não.

O rapaz perguntou em russo, não foi preciso nem de mímicas, nós entendemos que ele estava perguntando em que lugar de Yekaterinburgo queríamos ficar. Dissemos "vaskal, bus, metrô". Ele entendeu mais ou menos, ficou na dúvida na parte do "vaskal". Continuamos quase todo o caminho, 37km, todos quietos, o silêncio imperava.

O rapaz ligou o som do carro, rolava um rap russo, até que era bonzinho. Fui observando o Lada, era bem velho, amortecedores não existiam, em toda curva ele diminuía drasticamente a velocidade, o carro balançava para os lados. No painel do carro, tinha um imã de geladeira, mas com a figura de um paraquedas. Pendurado no espelho retrovisor interno, havia um cordão verde exército, com aquelas medalhinhas duplas de identificação que a gente vê com os soldados americanos nos filmes de guerra do Vietnã e 1 bala de fusil. No console do carro, havia 4 velas automotivas.

A cada freada, o carro fazia um barulho que mais parecia um trem rodando em cima de trilhos com as soleiras soltas. Acho que estava um pouco pior que o meu fusca, mas estava ali, salvando dois brasileiros. Naquele momento, o Ladinha era o herói.

O primeiro sorriso que o rapaz deu foi quando tirei uma foto do escrito em letras de concreto da cidade de Yekaterinburgo na estrada.


Entramos na cidade e me lmebrei: "Vokzal" (estação em russo) e não "Vaskal". Eu disse "vokzal" em voz alta, "Vokzal, bus, train". O rapaz sorriu novamente e nos deu a entender que, agora sim, ele havia nos compreendido. Tirei algumas fotos pelo caminho.








Eu estava agoniado com o silêncio. Resolvi puxar papo. Arrisquei: "mniá zavut Ronaldo" (eu me chamo ronaldo), "kak zavut vá?" (como você se chama?) Ele respondeu "Dini", aí eu disse: "priátna" (prazer), ele apertou minha mão e disse o mesmo, sorrindo.

O Dini nos deixou na porta de estação, deixei com ele um pouco de dinheiro para ajudar na gasolina, ele agradeceu e nos despedimos.

Descemos do carro satisfeitos por termos passado por esta aventura e experiência na Rússia, e também por termos gasto bem menos do que de ônibus, além de ser mais rápido.


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