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sábado, 19 de maio de 2012

Finalmente conhecemos Yasha

De volta do templo budista, na estação rodoviária, procuramos por algum ônibus que nos levasse à cidade de Tarbagatai, a 40 quilômetros de Ulan Ude. Marscha, irmã de Yasha, não sabia o número do ônibus para nos dizer, ela escreveu o nome da cidade como se fala e também em russo. Nos ajudou muito, pois sem isso seria muito difícil, teríamos que achar algum russo que falasse inglês para poder nos ajudar, e isso ainda é raro por aqui.

Mostramos o papel escrito o nome da cidade para o mesmo motorista que nos trouxe do templo, ele pareceu ser bem legal. o cara desembestou falar em russo e acho que ele estava pensando que nós estávamos entendendo tudo, mandava ir por ali, virar por lá, subir acolá, ir sei la o que estação, não sei bem rua, só pescávamos algumas palavras. O motorista resolveu ir até uma outra van, perguntar a seu amigo, que fez o mesmo que ele. Tive que dizer a palavra mágica: "nieponimaio" (não entendo), a palavra é mágica não porque nos resolve as situações, mas faz a conversa parar ali mesmo. O motorista chegou a nos oferecer, levar-nos até a outra estação por 200 rublos, é claro, declinamos do convite. Sim, tínhamos que ir até outra estação e de lá pegar a marshrutka para a cidade de Tarbagatai.

Não sei qual a diferença de ônibus e marshrutka até agora, os dois são vans tipo a Besta no brasil. Após o declínio do convite, o motorista nos levou à porta de outra van, falou com o motorista dela e nos disse para entrar. Esta van nos levaria até a outra estação para pegarmos a marshrutka, por 14 rublos cada um. Entramos e lá fomos nós de novo de van por Ulan Ude. Chegamos na estação, e era também um espaço na rua, mas desta vez tinham plaquinhas para cada van e seu destino. Achamos a nossa, verificamos se teria espaço e entramos. Ficamos esperando uns 15 minutos, pois a van só sai se estiver lotada. o termo lotado, pelo menos para quem vai nos últimos bancos como nós, é realístico, ficou um pouco apertado lá atrás. Nesta van, estava indo conosco um passageiro muito especial, um cão, que junto de seu dono, viajou tranquilamente até seu destino.






A viagem é muito bonita, pois passa por lugares com muitas montanhas e por boa parte da estrada, segue o rio, que, mostrando suas curvas e ilhotas, embeleza a paisagem. Demora cerca de 40 a 45 minutos até a cidade de Tarbagatai, muitos dormem na van, aliás, acho que eles colocam um incenso do sono nestas vans, em todas elas o pessoal cai no sono, até eu e Célia caímos também. Creio que eles fazem isso que é para não reclamar das loucuras que eles fazem na estrada. Brincadeiras à parte, chegamos todos bem em Tarbagatai.











Descemos da van, e como já tínhamos visto pela janela, é uma cidade, não grande mas também não é uma vila. Eu e Célia até comentamos se chegando à esta cidade, não teríamos de pegar outra condução para algum outro lugar. Dito e feito, deve ser isso mesmo, porque não tinha nada na cidade de russos vivendo como seus ancestrais, como é mostrado em cartazes de companhias de turismo, etc.







Enfim, procuramos um café, já que não teria o que fazer, vamos tomar um café. Olhamos para o lado e lá estava, o café. Entramos por uma porta, ok, fomos tentar a segunda, nada feito, estava fechado fazia 10 minutos. Ok, tentamos mais para frente, entramos em uma mercearia, perguntamos se havia café e nada feito novamente. Resolvemos comprar um sorvete e aproveitar para tirar rublos em um caixa atm que estava ali dentro.

Saímos da mercearia com o sorvete, perguntei a um cara que estava sentado em uma van se ela iria para Ulan Ude, ele disse que sim, mas só as 18:00. ele disse em russo, mas eu entendi! Progresso. Sentamos na beira do murinho da rodoviária e ficamos esperando.

Apareceu um cara, mamado, querendo conversar com a gente, se sentou na nossa frente e se apresentou. eu dei trela e fomos em frente na conversa. Contei que éramos brasileiros, ele falou que era russo, contei meu nome, trocamos palavras em russo e coisa e tal. Chegou um momento que ele falava em russo e eu em português, e os dois se entendiam. Imaginem só, e só ele é que estava bêbado eim! Nós estávamos em frente a um prédio que parecia uma fábrica, eu perguntei a ele se ali era uma fábrica, ele disse que era delegacia. Mostrou gesto de "banana" para o prédio, disse em russo, que já ficou preso la, pelo foi isso que entendemos, enfim, o cara era aquele pecinha da cidade, o bêbado conhecido por todos que não faz mal a ninguém. Uns 20 minutos de papo, e de repente, aparece uma viatura de polícia. O bêbado rapidinho guardou a garrafa de coca-cola cheia de vodca na sacola. O Guarda abriu a porta da viatura, e pelo que entendemos, a conversa foi mais ou menos assim:

Policial: O que você está fazendo aí José?

Bêbado: Não estou fazendo nada, só conversando!

Policial: Vai, pega suas coisas e vamos embora.

Bêbado: Ah, não estou a fim de ir embora.

Policial: Anda logo José, vamos embora, você está bêbado de novo.

Bêbado: Eu vim la de Ulan Ude, deixa eu ficar aqui.

Policial: Anda logo, entra no carro e vamos embora José.

Bêbado: Eu estou aqui, conversando com meus amigos brasileiros.

Policial: Vamos embora logo, entra aí atrás.

Bêbado: Ah, deixa eu ficar vai, meus amigos brasileiros.

Policial: É melhor você entrar.

O bêbado se virou para nós e disse: "taxi" e deu risadas. Entrou no banco de trás da viatura e foi embora para casa, de carona com os policiais. Foi muito engraçado, eu dei até "dasvidânia" (até logo em russo) para ele, e spaciba (obrigado) para o policial.

Chegou a hora da van partir, entramos nela e retornamos para Ulan Ude, sem achar a tal vila. Mas valeu pela paisagem, pelo passeio e pelo encontro com o bêbado e os policiais. Tiramos algumas fotos pela janela da van e um tempinho depois, acabamos caindo no sono, tiramos um bom cochilo até Ulan ude. descemos bem antes da estação rodoviária, pois agora, conhecíamos a cidade, descemos próximo ao calçadão da cidade e caminhamos até o ponto de tram, o bonde elétrico, para voltarmos ao hostel.




Depois de saltar do tram, passamos no mercado para comprar café, desta vez não nos arriscamos e compramos o nescafé de sempre. Precisávamos de desodorante também, mas não tinha, quem sabe a manhã a gente encontra. Voltamos para o hostel e finalmente, conhecemos Yasha.

Yasha é um rapaz jovem, muito bacana mesmo. Nos ajudou a preparar o posi, que havíamos comprado ontem. Enquanto o posi ficava pronto, pedimos a Yasha que fechasse a nossa conta, ele preparou tudo, nós pagamos a estadia, café da manhã e serviço de taxi até a estação, será ele que nos levará para pegar o trem amanhã.






Ficamos conversando na cozinha um tempinho, de repente, yasha deu uma sumidinha mas logo retornou com uma surpresa. Yasha é músico, toca guitarra em uma banda nos festivais da cidade. Mas a surpresa que ele nos deu, foi a de aparecer com um instrumento mongol, uma espécie de violino enorme, com sua caixa em forma de trapézio. O nome é matouqin, um belíssimo instrumento de cordas, no final de seu braço, uma cabeça de cavalo esculpida em madeira. O instrumento possui 2 cordas e é tocado com um arco, similar a de um violino. instrumento muito difícil de tocar, exige muito treino e técnica. Yasha deu um showzinho particular para nós, foi muito legal.






Eu e Célia comemos o posi, ficou bem legal, apesar de ser congelado. Yasha não quis, pois é comida russa, ainda mais congelada, a mãe dele deve fazer bem melhor. Ou ele já deve estar enjoado de comer isso.

Depois de algum tempo, yasha retornou à cozinha e continuou a conversar conosco, mas logo disse que iria andar de moto. Ele tem uma Ish 400 cilindradas, 1982, uma bela moto, não muito antiga mas com seu charme ininegável. Ele estava tendo problemas para fazer a moto pegar, mas depois de algumas tentativas, uma carregadinha na bateria, umas regulagens aqui e ali, e pronto, a motoca pegou e Yasha foi dar sua volta, num frio que só vendo. Yasha me chamou para ir junto, até perguntou se eu queria pilotar a moto, neguei, com dor no coração mas neguei, o frio era maior e me venceu.



Voltei para dentro do hostel e Célia estava toda formosa, deitada no sofá da sala, lendo um livro. peguei o computador e comecei a fazer os posts. Yasha retornou de seu passeio, a motoca ficou legal, ele ficou ali conosco, conversando, eu mostrei a ele meu fusca, pois ele tem um....não me lembro o nome, a marca é ZIZ, acho que é isso, um carrinho ucraniano, bem legalzinho, pequenino e charmosinho, tão antigo quanto o meu fuquinha, 1979. Yasha disse que adora futebol e sua mãe e irmã também, hoje será a final da liga européia, iremos assistir.



Amanhã será dia de descanso pela manhã, à tarde iremos pegar os trilhos rumo à Vladivostok. A viagem pelos trilhos, durará 3 dias e meio, portanto, daremos também, uma folga a todos vocês que acompanham o blog.

Nos vemos em Vladivostok.

Dois Manés no templo budista

Hoje mudamos nosso menu do café da manhã. Deliciosas panquecas russas, preparadas por dona Svetlania, com geléia de blackberries ou manteiga, a gosto do freguês. Como compramos café em grão e não solúvel, tivemos que rachar o que tinha sobrado do café de ontem.

Após o café, pegamos algumas dicas com a irmã de Yasha para irmos visitar o templo budista e a pequena vila onde os russos ainda vivem como seus ancestrais, mantendo a cultura.

Tudo pronto, pegamos as tralhas e fomos rumo ao ponto de ônibus, tínhamos que pegar o de número 3. passou o primeiro e nós bobeamos, passou o segundo e fiquei achando que iam descer pessoas e o motorista foi embora, passou o terceiro e pensamos que era o de número 5, mas era o 3, só no quarto é que conseguimos embarcar. Fomos em direção à estação rodoviária, se é que da para chamar de estação. Não tem guichês, é apenas um espaço grande e quadrado na rua, onde se amontoam as vans, o pagamento é feito ao motorista dentro da van.

Tínhamos a dica de pegar a van de número 130 para ir até o templo budista. O templo fica em Ivolginsk, a 30 quilômetros de Ulan Ude. Chegamos na "estação" e a van de número 130 já estava lá. Mostrei o papel onde estava escrito o nome da cidade para o motorista e ele disse: "da, da, da (sim, sim, sim, em russo). Embarcamos e lá fomos nós com um monte de orientais na van.



Pensávamos que esta van nos levaria até o templo. Engano nosso, ela nos botou para fora no ponto final, no meio de uma estrada da Sibéria. O motorista apontou para fora e disse: "datsan, datsan (templo, templo, em russo). Ficamos meio perdidos, olhamos por trás de uns prédio para ver se o templo era ali, mas não era. Li em russo a palavra "magazine" em um dos prédios, entrei na magazine, que é uma mercearia, enquanto Célia checava o guia.

Dentro da mercearia, a dona estava ao telefone e, eu com sede, decidi comprar uma colca-cola. Pedi a coca e mostrei à dona da mercearia o papel, onde estava escrito o nome da cidade onde fica o templo. Ela não entendeu muito bem, mas após alguns segundos disse: "datsan". Disse mais algumas coisas em russo que nada entendi. Então ela falou com um garoto de uns 10 anos que estava ali esperando por algo, apontou para mim, apontou para ele e disse mais coisas em russo. Entendi que o garoto iria mostrar como chegar ao templo.

Saí da mercearia com o garoto, chamei Célia, que estava sentada na escada de entrada, e fomos seguindo o pivete. Ele simplesmente chegou na beira da estrada e apontou a van, como se nos dissesse: "aí manezão, o cara da outra van não te mostrou não?". Fui conversar com o motorista da van e ele disse que era aquela mesmo, que deveríamos pagar 15 rublos para chegarmos até o templo. Na verdade, este não era o motorista, depois vimos o motorista entrando na van, mas em cinco minutos de papo o cara comentou do brasil, futebol, carnaval, etc.

Agora sim, certos e a caminho do templo. Chegamos ao templo, descemos e logo avistamos as famosas barraquinhas de souvenirs, por ali ficamos bem uns 30 minutos. Compramos várias coisinhas para nós e para os amigos. Depois de torrar os rublos nas barraquinhas, adentramos o templo.



É realmente de derramar saliva pelos lábios (babar). As casas de madeira, lindas com suas pinturas e janelas trabalhadas, cores vivas. É uma vila, onde existem várias casas e também vários templos. Não sou conhecedor da religião budista, mas me agradou muito aos olhos. Há um caminho de calçamento onde a gente entra e vai seguindo, este caminho nos leva pelas casas da vila, pelos templos, etc. nos guiando para conhecer o local por completo.



Eu e Célia começamos errados, entramos pela saída. Vimos aquelas coisas que parecem o peão do baú da felicidade do Silvio Santos e várias, ou melhor, todas as pessoas saindo pelo caminho de calçamento, só nós entrrando. Cada um que passava pelo peão da felicidade, o rodava. Tinha mulheres que rodavam a volta toda acompanhando o peão. Demoramos um pouco a perceber isto, aí pegamos o caminho certo.




Fomos apreciando a beleza do local e suas construções coloridas, detalhadamente decoradas, o modo de vida dos monges, até vimos uma reza de um deles dentro de um dos templos, mas não pudemos fotografar ou filmar. Em todos os peões da felicidade, templos e altares, havia moedas, doces e arroz, até pelo caminho calçado também tinha.

















Foi um local onde tiramos muitas fotos e fizemos filmagens. Terminada a visita, saímos do templo e esperamos pela van para nos levar àquela beira de estrada da Sibéria, para pegarmos outra van e voltarmos para Ulan Ude. A próxima visita, ainda hoje, será a Vila dos russos que vivem como seus ancestrais.

Até lá.


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